Dec 2, 2010

There's nothing...

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PS: Qualquer semelhança com a ficção ou realidade é mera coincidência.

Olho pela janela e encontro  uma paisagem estranha. O mundo que eu não conheço desmancha diante dos meus olhos enquanto minha mente tenta aquietar o desconforto dentro do abrigo. É algo que eu nunca senti, afirmo para  mentalmente, o caos gelado traz o sinal da morte e ao mesmo tempo acolhe os corações mais desacreditados. Alguns chegam a confirmar que sentem-se aquecidos com aquele horizonte branco. Às vezes faz até sentido, já que tudo não passa de um imenso vazio – a silhueta da cidade, o coração das pessoas. Mas eu prefiro acreditar que a simplicidade só assusta quem consegue notar a tristeza e falta de perspectiva daquele mundo silencioso,  morrendo aos poucos sem ao menos soltar um grito de rebeldia. É como um desses finais de filmes trágicos onde uma sinfonia antiga qualquer toca antes que o personagem principal pereça em sua própria loucura.
                Eu visto uma roupa qualquer,  tecidos que não vieram desse continente.  O toque é suave e macio, a alegria das cores aquece o meu ser por completo. Coloco os dois pés – ou as duas botas - sob um tapete branco e orgânico. Onde supostamente deveria avistar o cinza do concreto inanimado, estranhamente remetendo um mundo com mais vida. Não há ninguém do meu lado, e se encontro um rosto qualquer, ele não é familiar. Algumas pessoas que avisto pelo caminho não chegam a ser pessoas, parecem robôs programados para seguir uma rotina que não faz o menor sentido se você sabe o que é sorrir e se rebelar.  E por fim enxergo mais humanidade nos olhos dos seus animais de estimação, que carregam um semblante enigmático, quase mártir. Eles não sabem o que fazem, eles dizem, apesar de não pronunciarem uma única palavra. Eles não sabem o que fazem...  Continuo minha trajetória.
                Não é fácil. Também não é dramático. É só turbilhão de fatos sendo atirados, de forma desordeira, inquietante. É só o vento batendo contra o rosto, desprotegido e mal acostumado com  a brisa suave  e gentil daquela terra distante. Muitas crenças são destruídas por frases articuladas, preconceituosas e  grosseiras. Sonhos são construídos a partir do momento que encontro os meus semelhantes, ergo os braços e rio para a normalidade. Solto um palavrão qualquer seguido de deboche, e finco a rebeldia adolescente que nunca vai embora.  Não me contento com os cartões postais e crio um afeto instantâneo por qualquer lugar que comece com B.
                Sento impacientemente em um banco no centro da cidade, observo o movimento logo depois que as pessoas deixam seus trabalhos prontas para a incerteza de chegar em casa. Aquilo passa longe de qualquer agitação. Parece uma pintura  recém-acabada de um vilarejo de três séculos atrás. Presa em um tempo onde a melancolia era prêmio. Não há nenhum som. Entro em um mercado, compro  o que aquele lugar tem a oferecer. Não sei se sou acolhida ou se acolho pequenas felicidades, traços de culturas e paisagens que vi a vida inteira envoltas em uma cúpula de vidro.  Escuto um barulho contínuo e incessante.  Era um garoto pobre, imigrante.Africano. Parecia bem impaciente - mexia a cada dois segundos e sua vasta compra - , que em sua totalidade era um Kinder ovo que custava menos que um dinheiro de verdade. Ele conta as moedas que possui nas mãos e se dá contra de que não tem o montante suficiente. Corre para dentro da imensidão de prateleiras e eu o perco de vista. Mas não de mente.  A imagem fica gravada na minha memória, assim como  a falta de observação de todas aqueles seres ao redor. Não sei  se perceberam ou fingiram não perceber. As grandes festas e o suposto sentimento de misericórdia invade os corações de todos como aquele branco toma conta da paisagem. É tudo uma mentira, reflito e digo para mim mesma ao lembrar de todos os comentários que rondam sobre este lugar.
                Houve sim uma época de glórias. De mentes inquietas, brilhantes e grandes acontecimentos na história moderna. Mas agora a impressão que fica, é a de uma frase que li em uma exposição.  Lembro de me inclinar o corpo para ler uma série de manuscritos e rabiscos feitos por um criador não muito distante de mim. There’s nothing in the room except everything that was there.Refleti muito sobre essa frase nos primeiros dias, e agora observando essa neve soa como um epitáfio para esse lugar. Essa gente. Essas memórias. E tudo o que estiver indiretamente relacionado à elas.

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